17/06/2014

Livro: O Homem Que Calculava


Título: O Homem Que Calculava 
Autor: Malba Tahan
Editora: Record
Ano de Publicação: 1938
Número de Páginas: 300

"- Erra, por certo, gravemente, aquele que hesita em perdoar; erra, entretanto, muito mais ainda aos olhos de Deus, aquele que condena sem hesitar."

Escrito em 1938 pelo professor brasileiro Julio Cesar de Mello Souza (nome verdadeiro de Malba Tahan), O Homem Que Calculava é um romance infanto-juvenil que narra as peripécias e proezas matemáticas do persa Beremiz Samir na Bagdá do século XIII. O título é a alcunha deferida ao personagem principal por suas habilidades com o cálculo, a lógica, e também a filosofia. Beremiz apresenta um novo olhar sobre a matemática, mostrando o quão prática e divertida ela pode ser, principalmente sobre os problemas do cotidiano, encantando reis, poetas, xeques e sábios. 


A história é narrada por Hank Tade-Maiá, um personagem secundário, que encontra-se com Beremiz no deserto e o leva até Bagdá, relatando no livro as aventuras vividas no caminho e ao chegar na cidade. Logo após encontrar Beremiz e fascinar-se com seu talento matemático, Hank convida-o a seguir viagem para Bagdá. Os dois encontram no caminho um grupo de 3 irmãos que discutem a partilha de uma herança de camelos. Beremiz elucida a divisão de 35 camelos pelos três irmãos, - uma divisão até então não exata - o que causa admiração e gratidão no grupo.

Samir conta também sua história de vida, como era um pastor de ovelhas simples e humilde até que conhece seu mestre Nhô-Elim, com quem aprende desde a história até as áreas mais complexas da Matemática utilizando como molde para seu aprendizado a própria natureza; contando ovelhas, dia após dia, e com instruções de seu mestre, foi desenvolvendo habilidades de calcular qualquer montante a partir da observação e do emprego da lógica. De pouco em pouco, passou a contar rebanhos inteiros, número de folhas numa árvores, quantidade de pássaros que passavam voando em bando, cálculos gigantes, que para ele era um passatempo. Em companhia do narrador, Beremiz soluciona diversos enigmas, desde a divisão dos camelos até se casar com a filha de um califa, Telassim. O califa resolve propor uma série de problemas matemáticos que envolviam situações do cotidiano para Beremiz, e este em troca, pede a mão de Telassim, por quem havia se apaixonado, em casamento; como obteve sucesso, o calculista recebe seu "prêmio".

Enfim, o livro gira em torno das resoluções matemáticas de Beremiz, baseando-se nos costumes e histórias árabes, tema e local escolhidos principalmente por serem um dos povos que possuem grande influência e contribuição na estruturação da matemática, embora esta tenha em sua origem a contribuição de vários povos antigos, como, por exemplo, os egípcios e os gregos. Percebe-se claramente que o objetivo de Malba Tahan ao dar vida a Beremiz era o de mostrar não somente que a matemática, como também, história, geografia, teologia e as demais áreas de estudo encontram-se em cada coisa ao nosso redor. Sem perder o encanto de um romance nas terras das mil e uma noites, o professor nos ensina matemática por meio da ficção. Uma leitura prazerosa da minha adolescência, que fiz questão de compartilhar minha opinião com vocês. Fica a dica e boa leitura!

Abaixo segue a lista de alguns problemas resolvidos por Beremiz no livro:
A divisão dos 35 camelos (cap. 3).
O pagamento de 8 pães com 8 moedas (cap. 4).
A proporção da quantia devida pelo mercador de jóias (cap. 5).
Os quatro quatros - Como obter todos os números de 1 a 100, exceto o 41, com quatro algarismos 4 e as operações fundamentais. (cap. 7).
A soma das parcelas da dívida (cap. 7).
A divisão dos 21 vasos de vinho (cap. 8).
Números amigos (cap. 9)
Números perfeitos (cap. 10).
A venda de 60 melões por preços diferentes (cap. 12.)
O cálculos dos grãos de trigos das casas do tabuleiro de xadrez (cap. 16).
A venda das 90 maçãs (cap. 17).
O problema dos 3 marujos (cap. 19).
A metade do tempo da prisão perpétua (cap. 21).
O problema das pérolas do rajá (cap. 23).beijos R
A fórmula matemática da beleza (cap. 24).
As 16 curiosidades numéricas do Alcorão (cap. 26).
As raízes quadradas dos números 2025, 3025 e 9801 (cap. 28).
A lenda da divisão de 3 por 3 (cap. 30).
O enigma dos discos brancos e pretos (cap. 31).
As curiosidades do número 40 (cap. 32).
O Problema de Delos (cap. 33).
A Trissecção do cubo (cap. 33).
A Quadradura do círculo (cap. 33).
As escravas de olhos pretos e azuis (cap. 34).
O curioso número 142857.


Um comentário:

  1. A leitura é interessante, não só pelos problemas matemáticos, como também pelas curiosidades sobre a cultura árabe e um pouco da indiana, bem como da religião muçulmana, mostrando que o Islã não é um bando de malucos suicidas assassinos.

    Só uma coisa é estranha: depois de passar o livro todo enaltecendo o Islamismo, demonstrando a sabedoria de seus escritos e a mensagem de paz que carrega, no final da história o autor faz Beremiz... se converter ao Cristianismo? Mas que raios?

    Creio que esse final desconjuntado foi fruto da pressão, talvez na figura de seu editor, da sociedade (ainda mais) conservadora da época, que deve ter ficado horrorizada ao ver um escritor falar bem "daqueles hereges que não aceitam Jesus como seu salvador". Então ele deve ter partido pra uma solução conciliadora: fala bem dos muçulmanos o livro inteiro, mas no final, diz que a melhor, mesmo, mesmo, é a cristã. É uma pena...

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