26/07/2017

Livro: A Marcha dos Javalis


Título: A Marcha dos Javalis
Autora: Esther Lya Livonius
Editora: Pandorga
Ano de Publicação: 2015
Número de Páginas: 256
Minha Avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥
Skoob: Adicione
Onde ler: Womou
Onde comprar: 


"Vivemos num mundo onde falar é restrito, ler é limitado, escrever é censurado e pesquisar é ilegal."

Eu vi esse livro há muito tempo numa página do face. Alguém tava sorteando alguns livros e na lista de opções havia esse. Até participei, mas não ganhei nada (como sempre). E ai fiquei com a sinopse desse livro na cabeça. Pensando, "ainda vou ler esse livro"... Eis que surgiu o Womou em nossas vidas aqui no Amados. E aí quem estava lá? Pois é, A Marcha dos Javalis! Claro que eu o coloquei nas opções de leitura e assim que deu, comecei a ler. E vou te falar, que livro!


Sinopse: Varke – A Cidade do Muro. Enquanto seus pacatos habitantes tentam levar uma vida normal, a cruel ditadura militar que governa o país oprime a todos com leis e penas cada vez mais duras. Em meio a esse cenário de caos, onde uma série de mortes sem explicação amedronta ainda mais a população, uma curiosa garota vai lutar contra tudo e todos para descobrir o que existe por trás dos muros e dos segredos que eles escondem. Uma emocionante história de amores e desafetos onde, apesar de tudo o que o destino nos reserva, os javalis continuam sempre marchando. Eternamente. 

A Marcha dos Javalis é uma distopia que tem como pano de fundo um país dominado pela ditadura militar. E pela censura também. A ditadura proibiu quase tudo em Varke, a cidade do muro, lar dos nossos protagonistas. Livros, pesquisas, rituais religiosos, uso de ervas medicinais, foi instaurado toque de recolher... Ninguém sabe por que o governo colocou um muro ao redor da cidade. E pra piorar, as mortes tornaram-se mais frequentes - disfarçadas de suicídios. Quem ousasse recusar seguir as ordens do governo ou aparentasse ser uma ameaça a ele, aparecia boiando no rio que cortava a cidade ou simplesmente sumia. Não importava a idade. E com o passar do tempo, a população acabou se acostumando com as mortes.

"Era isso... Queriam fazer da morte algo tão comum que as pessoas sequer quisessem perder seu tempo para saber quem era o escolhido. E no fim das contas, a morte acabou passando de temida a ser algo com que eles simplesmente conviviam." 

Zakyia (conhecida pelo apelido de Kyia) e Naasir (conhecido pelo apelido de Asir) são dois jovens amigos moradores de Varke. Junto com Wile , primo de Asir, o trio nutria uma amizade profunda e eram inseparáveis (existe um triângulo amoroso ai também). Até o dia que Wile morre. Kyia e Asir tentam conviver com a falta do amigo e com o passar dos anos, o sentimento de amizade entre eles passa para outro nível. Agora, já noivos, os dois vivem um dilema: enquanto Naasir quer apenas viver suas vidinhas sem chamar a atenção dos militares (ou seja, sobreviver), sua Íris - forma carinhosa de como ele chama Zakyia - é indomável e não suporta ver seu povo sofrendo e definhando nas mãos rigorosas do governo. Como um javali, Kyia enfrenta quem aparecer no seu caminho, e o que ela mais deseja é descobrir o que o governo esconde de todos, de fato. Não podia faltar uma "rebelde com causa" numa distopia, não é?

"– Rituais? – perguntou Kyia olhando abismada. – Ritual fúnebre? Desejar que a alma do meu melhor amigo descanse é considerado ritual fúnebre? E o governo tê-lo matado é considerado o quê?O major arregalou os olhos, e Asir sentiu o coração pulsar loucamente ao ver o homem segurar forte a arma pendurada no quadril largo.– Suicídio ou homicídio? – questionou ela.A raiva era a única coisa em comum entre Kyia e Gowon. Só que enquanto um podia atacar com palavras, o outro atacava fisicamente.Um tapa foi o suficiente para calar Kyia."

Eu adorei esse livro. A autora escreve muito bem e é uma leitura leve e que te prende! Você quer saber o que vai acontecer com o casal e com a cidade. Principalmente por causa do Major Gowon. Esse cara é terrível! É o manda-chuva da cidade; aquele que se mete no seu caminho, sofre graves consequências. Só que com Kyia não tem frescura. É ele mesmo que ela enfrenta diversas vezes, sem medo das ameaças do major e os resultados caso ou quando essas ameaças sejam/são cumpridas  - o que deixa Asir de "cabelos brancos" de preocupação rs. O romance dos dois também é muito bonito e bem retratado. Faz você se apaixonar pelo casal. Não é aquele casal meloso. São humanos que falham, que discutem seus ideais diferentes. Um é um pinguim, a outra, uma javali - você vai entender lendo o livro. Óbvio que vai haver embate de opiniões. Mas no fim das contas, os dois foram feitos um para o outro.

Prepare-se para sofrer. Um livro com esse tipo de tema não poderia ser um mar de rosas e algumas mortes importantes acontecem no meio do caminho - a lá GOT. Essa capa também é bastante intrigante e vi muitos elogios em resenhas por aí à versão física. Eu li a versão digital pelo Womou, e não me deparei com nenhum erro. Se houve, nem percebi. Além do casal, de Wile e do major, outros personagens como a Anciã e os soldados do 13º batalhão também são importantes para a trama. A agonia que você sente com as injustiças sociais perpetuadas em Varke são de dar vontade de entrar no livro e se juntar a Kyia em sua revolta contra o regime. Eu só tenho uma ressalva sobre a história: os nomes dos personagens. Meio difícil pronunciar (mesmo que mentalmente) "Zakyia e Naasir". Mas depois de um tempo, se acostuma com "Kyia e Asir" como se fossem nossos BFF's de infância.

Se eu recomendo a leitura? Claro que sim! Quero ver quem mais vai entrar pro bando de javalis e continuar marchando, sem parar. Vamos?

"Você pode mudar sua aparência, seu estilo de vida, mas jamais deve mudar seus ideais. São eles que fazem você ser diferente, que fazem você lutar pelos seus sonhos."


8 comentários:

  1. Mariana,achei interessante como a autora inseriu em uma distopia,fatos que ocorreram na ditadura militar em nosso país.
    E em como estamos infelizmente banalizando tantas mortes diariamente ocorridas pertinho de todos nós.

    Também gostei da forma em que a personagem " Kyia",não se conforma com todas essas injustiças. Nos mostra que tem muita personalidade.

    Achei genial essa história! ;)

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  2. Mesmo com todo o cenário de morte, destruição e tragédia, gostei de saber que A Marcha dos Javalis mostra o quão é necessário ter alguém especial por perto, como o romance entre o casal, que mesmo com todas as dificuldades, parece ser bem forte e presente na trama.
    Ouço muito sobre o livro, mas jamais parei para ler uma resenha, e agora que o fiz, quero conhecer mais desta distopia.
    Bjos!

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  3. Olá, o livro parece ser bem original (a começar pela capa). Como eu sou APAIXONADO POR DISTOPIAS (as boas, perdão Starters e Feios) já fiquei com vontade ler. Beijos.

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  4. Não conhecia a obra, mas sinceramente, adorei seu ponto de vista. Sei bem como um livro nos prende de uma forma incompreensível. Espero um dia ter a oportunidade de ler essa história, pois fazia um bom tempo que não lia uma resenha que me chamava tanta atenção.
    Beijos!

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  5. Olá!
    Depois da frase " Prepara-se para sofrer " já quero esse livro hahaha
    Adoro livros de distopia e ainda não dessa que cita a ditadura militar.
    Não conhecia o livro mas já anotei na minha lista infinita de desejados.

    Bjo

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  6. Oi! Adoro livros desse gênero, e por isso já to doida pra ler! Confesso que, se eu estivesse em uma livraria e esse livro estivesse em uma prateleira, eu nem o pegaria, achei a capa horrível kkkk Não gosto de triângulo amoroso, mas que bom que o romance do livro não é aquele clichê meloso. Pretendo ler! Beijoss

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  7. Só por esses quotes simplesmente me apaixonei. Ainda não conhecia o livro mas estou encantada com ele e não vejo a hora de lê-lo. Toda essa ficção não está tão longe da nossa realidade, Brasil já viveu assim e muitos países (mesmo não sendo ditatoriais) vivem assim também. Toda essa garra da Kyia torna o livro ainda mais interessante, e eu mal conheço o Major Gowon e já o odeio kk

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  8. Mariana, vi o sorteio desse livro em uma página do Facebook e logo já fui procurar a sinopse e me encantei por ela. Essa é a primeira resenha do livro que eu leio mas já posso perceber o quão incrível ele é, juntar os elementos fictícios com a realidade é fantástico. A autora com certeza merece mais reconhecimento por esse livro, e eu já quero lê-lo em breve.

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